sábado, 14 de abril de 2007

Eu nao tenho compromisso, eu sou biscateiro...








Eu nao sou especialista em arte nenhuma, e por isso tudo que vejo depende de como passa pelo estomago.
Essa semana o cardapio foi um passeio pela principal galeria de arte, a principal orquestra e a principal companhia de danca da cidade. Tudo em grande estilo, arabescos pelos halls dos teatros, cortinas de veludo, segurancas uniforimizados, e todo mundo falando ingles:
Para comecar uma visita ao museu. Bem, para mim Museu e' artigo de Museu. A gente e' bombardeado com tanta informacao num ambiente tao hostil.
Por isso sou a favor da arte de rua..., de quintal, de banheiro!!!
O tema do espetaculo de danca era "Os metres do sec.XX" em que todos os escolhidos se destacaram nos EUA (lembrem-se estou no Canada!), e apenas um nao e' filho da patria: Balanchine, russo, Martha Graham e Twyla Tharp, americanas.
E' dificil ter certeza se essa escolha partiu de uma criteriosa analise, ou se acabaram nessa lista por puro jogo de marketing dos responsaveis pela divulgacao da companhia canadense, afinal quem nao quer assistir, de uma so' vez, os mestres do seculo passado? Eu acredito mais na segunda hipotese, mas deixando isso de lado quero comentar um pouco dos trabalhos que assisiti dessas tres emblematicas figuras na historia da danca.
"Allegro Brillante", coreografia de Balanchine e musica de Tchaikovsky sao 13 minutos de movimentos "baleticos" sem nenhum contexto narrativo, e nenhuma pantomima, um recurso quase onipresente nos principais bales. O virtuosismo, as diferentes formas geometricas, a valorizacao do corpo pelo figurino (colan, e uma pequena saia para as bailarinas), e a ausencia de cenario sao marcas desta obra de 1956......Basicamente, tudo que escutei falar sobre Balanchine e' verdade.
Martha Graham e' uma lenda, e para esse espetaculo ela deve ter lido as cartas sobre a danca de Noverre antes de montar as cenas, que como quadros de arte, se juntam para contar historias em movimentos de danca.
A grande surpresa foi o trabalho de Twyla Tharp. Ela possui uma extraordinaria musicalidade, e conseguiu realcar todos os detalhes da trilha sonora jazzistica tocada ao vivo por um pianista. Com influencia dos antigos musicais da MGM (a coreografia data de 1979) e, por tanto, da tradicao jazzista incorporada pelos grandes estudios norte-americanos, Twyla consegue revelar diferentes aspectos da cultura de seu pais ( afinal, nada melhor do que a danca para faze-lo), algo extremamente surpreendente. Nada e' mais universal do que a singularidade.

Nenhum comentário: