sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

São Paulo Companhia de Dança



Balé
Uma técnica em desenvolvimento desde o século XVI cujo epicentro se encontra nos exageros das monarquias européias. Toda a fartura e extravagância dos palácios e jardins fortaleciam a emergência de espetáculos que, ao lado de muito ouro e brilhante, não deveriam mostrar-se desbotados, mas acrescentar mais purpurina onde aparentemente não faltava. Luis XIV, o rei Sol, assim como o grande astro rei, se encantou pela Dança e fez dela uma extensão de seu raiar, elaborou e codificou algumas posturas que nunca mais sairiam de moda e que, mesmo passível de mudanças, se solidificaram e hoje representam a grande fachada da dança ocidental: o balé clássico.
Acabei de retornar da audição da primeira companhia de Dança brasileira que conseguiu juntar a vontade de voltar ao epicentro onde tudo começou, com a verba necessária para um projeto tão auspicioso. Assim como outros bailarinos esperava ansioso pelo momento de entrar na sala onde teria chance de mostrar o que penso sobre dança, como me movimento, e como tudo isso junto é capaz de fazer alguma diferença num mundo indiferente como o nosso. Porém, antes de qualquer divagação sobre os rumos da dança era preciso que nos enumerassem. Assim, meus anos de dança, reflexão, cansaço e muita preguiça poderiam entrar no código de barra numero 5, com o qual me sentia num mercadinho a fazer compras. A diferença que o pedido não vinha de uma simpática e atenciosa atendente, mas de um bando de competentes profissionais da Dança que, por algum equívoco, daqueles que nao adianta fazer força para entender, falavam uma língua afrancesada e se entusiasmavam quando algum moreninho se empinava todo, ou melhor ainda, quando um cafuzo, meio pardo, se orgulhava de ter girado as três piruetas endehors, e finalizado numa quarta posição tão elegante que lembrava seus ancestrais nórdicos.

O numero 5 fez seu melhor, mas foi cancelado logo que descobriram uma falha no processo de adequação histórica, trocando em miúdos, quando quicou na pirueta em arabesque.

Antes que algum curioso comece a pensar que isso tudo é despeito da minha pessoa (como diria Madame Satã!!), digo que está totalmente certo. Tanto logo meu número foi convidado a passear pelo Bom Retiro (bairro de São Paulo onde fica a sede da companhia), peguei meu carro e fui direto ao Campos Elisios, ou Champs-Élysées, como preferirem.

Um comentário:

Anônimo disse...

E eu que achei
teus belos passos,
não sabia
que você dançava
com as palavras também.